Um homem que após dois anos de sua aposentadoria apresenta um quadro de câncer. Uma mulher que não sabendo expressar sua raiva desenvolve um distúrbio gastrointestinal. Uma criança, que protesta através de sua febre. O corpo fala através de suas doenças, de seus órgãos, de suas aflições. Toda angústia psíquica pode gerar seu equivalente somático, sendo então a doença uma manifestação das dificuldades emocionais, frente as quais o paciente encontra esta forma de expressão.

O corpo, em suas dores, se transforma em um mapa dos acidentes emocionais do indivíduo. Não falaremos mais então de doenças e sim do “doente”, pois nossas dores dizem quem somos e de nossas aflições. Um terço de todas as doenças, são de origem exclusivamente Psicossomática e o outro terço, apesar da existência de uma determinação orgânica, possui fortemente o fator psíquico influenciando em sua evolução.

Apesar da determinação emocional das doenças terem sido quase completamente esquecida, em prol de um mecanismo onde o indivíduo não mais era visto de forma sistêmica, mas dissecado, repartido, como se as partes funcionassem de forma independente do todo, a tendência atual da medicina é se tornar um estudo Psicossomático, onde a variável será o grau de determinação Psíquica ou orgânica, envolvida em cada quadro patológico. O diagnóstico da Doença Psicossomática não deve ser realizado apenas pela exclusão da possibilidade orgânica, mas por suas próprias características. O estudo da personalidade do paciente é tão importante, quanto todos os exames clínicos e laboratoriais.

Podemos então dividir estas patologias em dois grupos:

• Os pacientes que não apresentam uma doença física definida que possa justificar uma moléstia, e que não tenha sido diagnosticado como uma doença orgânica, não significa a inexistência da doença. Ele não deve abandonar e nem ser abandonado dentro de sua sintomatologia.

• Pacientes com sintomas orgânicos presentes, mas influenciados por fatores emocionais (cardiopatias orgânicas, por exemplo) onde o fator psíquico já acarretou um dano físico ou influencia na evolução e na incidência do mesmo, quando fatores emocionais estão associados a doença orgânica atual pouca atenção é dispensada os fatores emocionais. Erroneamente tratam-se os pacientes como se seus sintomas físicos fossem suficientes para explicar a doença.

Assim como não se deve eliminar o tratamento da doença orgânica quando se trata de pacientes com somatização, não se podem eliminar os fatores psicológicos envolvidos na evolução das doenças orgânicas. Conhecer a capacidade do paciente em se ajustar a determinadas situações na vida, seu padrão de reação, grau de angústias, a natureza e a gravidade de seus conflitos, são conhecimentos indispensáveis na elucidação diagnóstica e na consideração da estratégia terapêutica mais adequada.. As emoções também falam através do corpo e dos sintomas. Não adianta atacar com remédios uma série de sintomas inespecíficos, enquanto o verdadeiro problema se encontra no Inconsciente do paciente. E o estudo Psicossomático é exatamente isto, uma possibilidade de se conhecer o paciente de forma integral, onde o sintoma é conseqüência de multifatores, inclusive ou talvez, principalmente os emocionais.